terça-feira, 19 de julho de 2011

A COERÊNCIA E A COESÃO NO FILME "OS OUTROS"

ANALISANDO "OS OUTROS" SOB O ÂNGULO DA COERÊNCIA E DA COESÃO
UNIDADES 19 E 20- TP5


"Os Outros" é o exemplo perfeito de como se contar uma história de fantasmas e é a prova definitiva que para se criar texto, um enredo elegante e realmente assustador, não é necessário um grande orçamento, apenas um diretor metódico, um roteiro beirando a perfeição e, é claro, um elenco fabuloso, com destaque para Fionnula Flanagan, que interpreta a governanta.
"Os Outros" é um filme de suspense em que nada é explícito, não há nenhum efeito especial para atrapalhar e nos pequenos detalhes é que se encontram suas maiores surpresas, assim como em todo texto e interpretação inteligente.




Elementos coesivos
Podemos encontrar fatores que favorecem a coerência?

Para se chegar ao sentido final, variados elementos se fizeram presentes
Vozes e barulhos presentes na mansão
Escuro do ambiente, excesso de cortinas
Palidez dos personagens
A ausência de outras pessoas(família, padre...)
As portas que apareciam abertas e/ou se trancavam
O tempo que parecia não passar
O toque do piano
A governanta que nunca contradizia nada
As falas de quem havia entendido a realidade de estar morto:
“ Muita gente vai embora do lugar, mas o lugar fica na gente”
“vai haver surpresas e mudanças”
“O mundo dos mortos se mistura ao mundo dos vivos”
“A dor da perda leva as pessoas a fazerem coisas muito estranhas”
O nevoeiro intenso
A volta do mesmo assunto:”Mamãe enlouqueceu! Tentou de novo!”
Silêncio era algo apreciado naquela casa
A comparação entre as torradas de antes e de agora
O anúncio que não fora publicado e a chegada dos empregados


Coesão Referencial presente no filme
Faz- se através de elementos que já foram mencionados a priori como:

Os intrusos, eles, os outros, estão, senti- los

O pronome é o melhor recurso de coesão referencial.Para evitar repetições e comprometer a coerência, o ideal não é substituir palavras já utilizadas por pronomes? Esse filme já traz esse processo no título!

Coesão Sequencial encontrada
Retoma e progride, ou seja, volta ao texto e vai adiante. Carga semântica de algumas palavras ajuda a manter e reforçar a coesão como:
“Ela se comporta como se nada tivesse acontecido!”(fala da governanta)
Algo aconteceu então.
A fala da menina:”Você também vai nos abandonar?”
Alguém já abandonou antes.

Relações lógicas no texto-Pág.202,203
Escopo= Entende-se por escopo da negação a parte de conteúdos de uma informação que é negada. Assim , a negação pode ser entendida como uma sombra. O escopo do filme é como se fossem os três membros da família que não se admitiam mortos.

“_Você pode me dizer se ouviu isso?
_Não.”
(Esse não significa: não ouviu ou não pode me dizer?)
Não posso dizer.( O não faz escopo no posso.)
Posso dizer que não ouvi isso. (O não faz escopo no ouvi.)


Coerência ou Incoerência?
A coerência é fato marcante, a não-coerência faz do “texto” um não-texto.
O filme “Os outros” é um todo muito bem trabalhado a ponto de, através dos pontos de coesão citados anteriormente, um sentido ter sido criado e posteriormente destruído para se criar outro que também era coerente com o título.


Exemplos de tentativas de encontrar a coerência:
“Se não são fantasmas, cadê as correntes e lençóis como você disse?”
Se estamos mortos, onde é o limbo?
Por que uma casa tão escura e cheia de cortinas?
Por que o marido estava à procura da casa e disse que tinha de voltar à guerra?
Por que os outros que faziam o barulho na casa tinham de estar mortos?
Quem são os outros?
Por que Grace tentava a todo custo ser tão boa mãe?Tão protetora? E tão forte ao mesmo tempo, cuidando de tudo sozinha?

sexta-feira, 1 de julho de 2011

1º encontro do Módulo III- TP5

RELATÓRIO DO REPASSE DO 1º ENCONTRO DO TP5

Olá, pessoal....
Estamos de volta ao módulo de repasse do Tp5 e nesse momento fizemos um estudo da Unidade 17 (Estilística) e iniciamos a Unidade 18 (Coerência).
O repasse foi aberto com um vídeo motivador, intitulado "O poder da Educação" .
Em seguida, fizemos a leitura e análise do texto "Cada um é cada um", enfatizando o estilo conhecido especialmente pelo senso comum e indo em busca do conhecimento estudado pelo Gramática Normativa.
Observamos que a Estilística segue dois caminhos que ora se completam e ora se distanciam, visto que tanto o senso comum como a Gramática procuram analisar os textos no critério estilo "jeito, modo, personalidade" e "jeito do artista fazer suas criações". Este, portanto, necessita da "maestria", de conhecimento da norma para que seu estilo não se confunda com desvio.
Também exploramos o texto "Trem de ferro" de Manuel Bandeira, juntamente com sua musicalidade, composta por Tom Jobim. Foi aqui que evidenciamos, com total clareza, a importância da repetição de sons e palavras para o alcance do estilo. Também discutimos a intertextualidade desse com Maria Fumaça de Kleiton e Kleitir.


Variados olhares se puseram a nalisar um slide a respeito desse tema. Veja seu conteúdo:

A Estilística frente aos textos não clássicos
A importância e a “desimportância” da repetição de sons na criação do ESTILO

A repetição de sons ou palavras valoriza o texto quando é intencionalmente usada para produzir um efeito de sentido, mas há um outro tipo de repetição, que não tem essa finalidade. Ela enfeia o texto e ocorre por descuido ou desconhecimento da língua.

Repetição de sons no texto em prosa: “Na opinião do irmão da vítima, a invasão da mansão provocou uma discussão que acabou com a união da família”.
Repetição de palavras com prejuízo da coesão: “O menino chegou. Ele trazia o boné na mão. Ele não conversou com ninguém. Mas, depois de meia hora, ele pediu um copo d’água.”

A exploração da sonoridade da frase não existe apenas em criações literárias. Ela é comum também nas criações populares, transmitidas em programas radiofônicos de entretenimento
ou apresentadas em revistas e almanaques. É o caso de provérbios, adivinhações
engraçadas e trava-línguas.
Observe como a sonoridade torna expressivos estes dois provérbios:

Entramos na questão da licença poética!!!
“Quem com ferro fere, com ferro será ferido.”

“Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.”

Aliteração e Assonância
Oralidade - Escrita


Outro recurso estilístico, muito presente na linguagem cotidiana.
Você já ouviu aqueles locutores fanáticos de jogo de futebol gritarem “gol”? Se fôssemos representar na escrita o modo como anunciam que “a bola balançou a rede” e o responsável pela façanha foi Ronaldo, escreveríamos assim:
GOOOOOOOOOOOOOOL! RRRRRRRRONALDO É O NOME DELE!
O que pretende esse locutor? Certamente, contagiar os ouvintes com a emoção,
envolvê-los no jogo e no tipo de transmissão de tal modo que eles não tenham vontade de mudar a estação ou o canal de TV.


E na escrita?

30 de junho
Querido diário,
FÉRIAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAS!!!!!!!!
Puxa, como demorou, parecia que não ia chegar nunca. Não via a hora de jogar o
material para cima e relaxar, poder dormir até mais tarde, ir para a cama mais tarde e brincar de escolinha com meu irmãozinho.
OS IRMÃOS BACALHAU. Diário Secreto de uma portuguesa / Os Irmãos Bacalhau.
São Paulo: Matrix, 2002, p. 30.




A duração não representa um som, mas tem função expressiva. Na língua escrita, ela pode ser marcada pela repetição de uma letra, geralmente aquela em que recai o acento tônico, ou pela pronúncia exagerada de uma sílaba átona, como em:
“Ela é uma mentirosa!” (em vez de mentirosa)


Quando um autor transgride a norma gramatical com a intenção de dar expressividade ao texto, a transgressão é consciente e tem uma função específica. Trata-se, portanto, de um recurso de estilo.
É preciso conhecer as normas gramaticais para poder transgredi-Ias propositalmente,
de modo que isso se torne qualidade, e não defeito de estilo.

Partindo rumo à Estilística da palavra, estudamos o texto de Celso Ferreira Costa "Palavras são palavras" e a caminho da Estilística da frase e da enunciação, pudemos analisar o texto "Nunca é tarde , sempre é tarde" em que as repetições na prosa, a pontuação inexistente são efeitos de estilo, não defeitos deste.

E em que discurso se encontra o conto acima referido?



O QUE É DISCURSO???
É A ATIVIDADE COMUNICATIVA DESENVOLVIDA ENTRE INTERLOCUTORES CAPAZ DE GERAR SENTIDO.
ESTA ATIVIDADE COMUNICATIVA É CONSTITUÍDA DE TEXTO E CONTEXTO DISCURSIVO (QUEM FALA, COM QUEM FALA, COM QUE FINALIDADE...).

TIPOS DE DISCURSO
DISCURSO DIRETO
DISCURSO INDIRETO
DISCURSO INDIRETO LIVRE
DISCURSO CITADO

Discurso Direto
O discurso é direto quando são as personagens que falam. O narrador, interrompendo a narrativa, põe-nas em cena e cede-lhes a palavra.
O discurso direto, geralmente, caracteriza-se pela presença de verbos que introduzem a fala da personagem (dizer, afirmar, responder..)
"- Por que veio tão tarde? perguntou-lhe Sofia, logo que apareceu à porta do jardim, em Santa Teresa. - Depois do almoço, que acabou às duas horas, estive arranjando uns papéis. Mas não é tão tarde assim, continuou Rubião, vendo o relógio; são quatro horas e meia. - Sempre é tarde para os amigos, replicou Sofia, em ar de censura." (Machado de Assis, Quincas Borba, cap. XXXIV)

Discurso Indireto
No discurso indireto não há diálogo, o narrador não põe personagens a falar diretamente, mas faz-se intérprete delas, transmitindo ao leitor o que disseram ou pensaram.
“A certo ponto da conversação, Glória me disse que desejava muito conhecer Carlota e pediu que a levasse comigo.”

Discurso Indireto Livre
O discurso indireto livre ou semi-indireto é uma fusão dos discurso direto e indireto.
Apresenta a fala ou o pensamento da personagem discretamente inseridos no discurso do narrador.
Carolina já não sabia o que fazer. Estava desesperada, com a fome encarrapitada. Que fome! Que faço? Mas parecia que uma luz existia…

Discurso Citado
Discurso citado é o discurso ou parte de discurso que é incorporado por outro discurso.


Uma conversação a respeito do Ampliando nossas referências foi estabelecida de modo que a ênfase no assunto deu- se na parafantasia, efeito natural de ampliação de sentido que as palavras têm. Uma espécie de METONÍMIA baseada em nosso conhecimento de situações vivenciadas. Exemplo:

Se falo sino, penso numa capela. Se digo vento, penso em folhas, árvores...



Unidade 18- Coerência

Começamos o estudo dessa unidade com um slide montado a partir do livro de Ingedore Koch "Ler e compreender os sentidos do texto".(Muito bom esse livro!)

Bye bye, turma!!!
No próximo encontro , trataremos sobre a coerência e a coesão"...
Abraço aos leitores !!!!