segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Relatório das Lições aplicadas do TP5

Escola Municipal Angelina Medrado
Profª tutora: Flávia Regina Santos Chaves
Relatório de Lições referentes ao TP5
Lagoa Dourada, 15 de agosto de 2011
Tema

Estilística, coesão, coerência e as relações lógicas nos textos

Este assunto é muito instigante e, em se tratando de coesão e coerência, é joia com preciosa e complexa em âmbito de ensino-aprendizagem. Exige trabalho árduo de lapidação. Em prol de uma escrita mais eficiente e voltada para os objetivos de produção textual, ser coerente não é tarefa fácil. O estudante tem que apresentar conhecimentos de muitos vieses da Língua Portuguesa. Em minhas salas de aula, deparei-me com obstáculos grandiosos a esse respeito, mas considero que trabalhar com temas como esse são, na verdade, chave para as portas de textos bem elaborados e que demandam mais raciocínio, preocupação para escrever e, sem dúvida, uma gama maior de leitura.

Perfis das turmas
As Lições de Casa referentes a esse relatório foram realizadas em turmas de 8º ano da Escola Municipal Angelina Medrado de Lagoa Dourada. As turmas, como é fato conhecido, são distintas, com focos diferentes de ver processo ensino-aprendizagem e participar dele. No caso das Lições do TP5 percebi que fizeram o que estava ao alcance deles, embora não tenham atingido os reais objetivos. São alunos na faixa dos 13 aos 16 anos, contudo nem os mais experientes conseguiram, com firmeza, bom aproveitamento do conteúdo.

Justificativa
É importante buscar a coerência em tudo que fazemos em nossa vida, sabendo que ser COERENTE é base para realizações bem sucedidas. Com isso, explorar a coerência, a coesão- grande auxiliar de coerência- são aspectos imprescindíveis para qualquer profissional de educação, voltando a atenção para os de Língua Portuguesa e Produção textual especialmente. E entender Estilística como o estilo que cada indivíduo tem ao escrever e de maneira consciente auxilia em muito a quem pretende escrever bem e a ter um planejamento da escrita com mais afinco e olhar cauteloso às produções que não exibem desconhecimento da língua e de sua gramática. No concernente ao estudo das relações lógicas, optei pelo trabalho com escopo (nas relações de negação), uma vez que minhas turmas necessitam de uma observação maior com uso das palavras e o reconhecimento de que uma troca de lugar de palavras ou expressões favorece uma nova ampliação do sentido e, consequente, uma interpretação de valor também diferente no produto final.

Objetivos gerais
 Perceber a coerência nos textos, nas atividades lúdicas e fazer uso da mesma em qualquer situação, visando um melhor desenvolvimento.
 Interpretar textos com estilos diferentes e distinguir estilo de desvio.
 Reconhecer a importância da relação de negação para obter uma diversidade de sentidos que promovem a progressão textual.

Objetivos específicos

 Estudar o gênero crônica e interpretar situações de estilo do senso comum na introdução de um tema que, na verdade, não será aprofundado com figuras de linguagem. Será, no máximo, utilizado para construir no estudante o critério de que para se escrever com estilo, ou desviando uma regra terá de conhecê-la a priori.
 Interpretar o gênero poesia musicada por Tom Jobim para verificar com exatidão o que fora mencionado anteriormente.
 Estabelecer diferenças de sentido na progressão textual com o uso da relação de negação.
 Apreender conceitos que formam base como a coerência e coesão.
 Resolver jogo de conhecimentos gramaticais, fazendo uso da coerência.
 Ordenar texto fatiado a fim de perceber a relação coerente entre o assunto de um parágrafo e o próximo.

Textos e obras explorados
 Crônica “Cada um é cada um” da Folha de S. Paulo, “Esporte”, 30/07/2002, D3 do TP5 pág. 15 com atividades ampliadas e adaptadas. (Anexo 1)
 Poesia “Trem de Ferro” de Manuel Bandeira, musicada por Tom Jobim com atividades também ampliadas, págs. 18 a 22. (Anexo 2)
 Aplicação do Avançando na prática da pág. 105, 4º parágrafo, com a aplicação de texto narrativo “Caso de secretária” de Carlos Drummond de Andrade a fim de visualizar a coerência. (Anexo 3)
 Aplicação do Avançando na Prática da pág. 82 (5º item), com a montagem de um jogo para exploração de aspectos gramaticais. (Anexo 4)
 Atividade 12 da Seção que se refere à mudança de escopo e suas implicações na interpretação variada de um trecho. (Anexo 5)

Metodologia
• Leitura Coletiva e individuais dos textos.
• Jogo de Gramática aplicado em grupos.
• Uso do Power Point para trabalho com o texto fatiado.
• Música aliada a texto “Trem de ferro” para melhor compreensão do estilo.
• Atividades de interpretação individuais e coletivas.
• Aulas expositivas e dialogadas.

Cronograma
A aplicação das Lições de Casa ocorreu no período de 10 horas/aula.

Avaliação
• Minha avaliação sobre esse processo foi formativa, entretanto com critérios avaliativos também no que tange a interpretação, observando através das atividades realizadas o que as classes puderam produzir com eficácia e autonomia.


Anexo 1
O trecho a seguir, retirado de um texto escrito por José Roberto Torero e publicado na coluna de esportes de um jornal, traduz a opinião bem-humorada do autor sobre os modos peculiares de cada radialista esportivo anunciar o mesmo gol em um jogo de futebol.

Cada um é cada um

Cada um é cada um, diz a sabedoria popular. E, ouvindo diferentes pessoas contarem o mesmo gol, chega-se à conclusão de que esta é uma verdade inquestionável, uma lei irrefutável.
Alguns falam rapidamente, outros são lentos, alguns têm um vocabulário rebuscado, outros inventam gírias, uns capricham nos erres, outros deslizam nos esses, uns são fanhos, outros são gagos etc... E cada um conta o gol que viu de um jeito particular, único. [...]
O narrador objetivo falaria:
“Aos 23 min do segundo tempo, Luís Fernando cruzou para Trindade, que, cabeceou a bola e fez 2 a 1.”
O econômico diria: “Luís. Cruzamento. Trindade. Cabeça. Bola. Redes. Gol.”
O interrogativo: “E não é que o Paysandu ganhou, mesmo depois de estar perdendo? Quando aconteceu a virada? No meio do segundo tempo, você acredita? Quem fez o cruzamento? O Luís Fernando. Para quem? Para o Trindade, sabe aquele que entrou no fim do primeiro tempo? E o que o Trindade fez? Cabeceou para o gol. Assim o Paysandu está no final contra o Cruzeiro e a dois jogos de disputar a Libertadores da América, não é demais?”. [...]
O matemático: “Aos 23 min e 12 s do tempo segundo, o atleta de número 6 fez um cruzamento parabólico a cinco passos da linha lateral, pondo o círculo na cabeça do atleta de camisa 16, sendo que este solucionou o problema desviando a esfera a 45º de sua posição referencial, fazendo-a alojar-se no canto baixo do delta, a 12 centímetros da mão esquerda do palmeirense de camisa número 1.”
O rabugento: “Depois de várias tentativas fracassadas, o Luís Fernando finalmente acertou um cruzamento, fazendo a bola, sabe Deus como, chegar à cabeça do Trindade, que, enfim, estava onde devia estar. Contando com a ajuda dos zagueiros palmeirenses, uns cabeças-de-bagre, ele subiu e desviou a bola sem muita força,
mas o goleiro, mal colocado, não conseguiu defender.” [...]
O mineiro: “Uê, gente, ses não viram, não? Foi assim, ó: O Luís Fernando deu uma bicanca, e a bola foi parar no meio do fuzuê, onde tava o Trindade. Aí o danado triscou de cabeça, assim meio de banda, e a bola foi parar lá dentro da rede.Nem que o goleiro fosse passarinho, ele pegava não.”
Ou seja, cada um é cada um, e cada gol é muitos.
Adaptado da Folha de S. Paulo, “Esporte”, 30/07/2002, D3.


Lendo melhor o texto:

a) O título “Cada um é cada um” faz parte, como diz Torero, da sabedoria popular. E é bem coloquial, não é mesmo? Você o considera adequado ao texto? Como defenderia sua opinião?

b) Crie um outro título para o mesmo texto, em que apareça a palavra estilo e que mantenha o sentido dado pelo colunista.

c) Na sua opinião, qual dos narradores envolve mais o ouvinte ao narrar o gol? Por quê?


d) No segundo parágrafo, Torero apresenta “estilos” de fala. E você, como classificaria seu “estilo” de fala? Você está satisfeito com ele ou gostaria que fosse diferente? Por quê?




Conhecimentos gramaticais:

a)Dê a função sintática dos termos que estão sublinhadas. Diferencie os sujeitos dos objetos diretos.

b)Faça a análise sintática das orações abaixo:

 O atleta de número 6 fez um cruzamento parabólico.
 O Paysandu ganhou.
 Chega-se à conclusão.
 O Luís Fernando acertou um cruzamento.
 Há locuções de futebol?


c)Apresentação improvisada. Treine rapidamente com um parceiro e faça a teatralização dessas locuções. Demonstre as características bem marcantes de cada um.



d)Conjugar o verbo SER em todos os Modos e tempos.

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Anexo 2

Trem de ferro

(Tom Jobim e Manuel Bandeira)

Café com pão
Café com pão
Café com pão

Virgem Maria que foi isto maquinista?

Agora sim
Café com pão
Agora sim
Café com pão

Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força

Oô..
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pato
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
De ingazeira
Debruçada

Que vontade
De cantar!

Oô...
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficia
Ôo...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede
Ôo...
Vou mimbora voou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Ôo...

Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...

 Leia o poema de Manuel Bandeira. Para responder às perguntas, leia-o novamente. Se
tiver o disco a que fizemos referência, permita que os alunos ouçam a música e comparem o efeito do texto nos dois modos de apresentação.
a) A leitura do poema lembra o ritmo de um trem em movimento. Em que versos o som das palavras mais se parece com o barulho do trem?

b) Pela sonoridade e pelo ritmo dos três primeiros versos do poema, sabemos que o trem de ferro já deu a partida, iniciando a viagem. O quarto verso, no entanto, é mais longo, e nele predomina o som dos ii: “Virge Maria que foi isso maquinista ?”. Que ruído do trem este verso procura imitar?

c) A terceira estrofe indica que o trem adquiriu maior velocidade. Que palavras desta estrofe têm a função de mostrar o aumento da velocidade?

d) Observe o verso “Corre, cerca”. Explique como a cerca, que é um elemento sem vida, pode correr.

e) Na quarta estrofe, há dois versos iniciados com a palavra “foge” e seis com a palavra “passa”. A repetição destes verbos e o significado deles indicam que velocidade para o trem no trecho em questão?

f) O ritmo do poema acompanha o ritmo do trem. Releia a quinta estrofe e verifique: a velocidade do trem é maior ou menor do que no restante do poema? Qual a causa da mudança?

g) Na quinta estrofe o trem está preso num canavial e cada pé de cana lhe parece um oficial, isto é, um soldado. Quais as semelhanças entre o pé de cana e o oficial que permitem a Manuel Bandeira fazer essa comparação?

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Anexo 3

Avançando na prática


Várias atividades podem propiciar o desenvolvimento de habilidades que permitam a construção da coerência textual. Em geral, atividades que liguem partes ao todo ou que contextualizem informações incompletas.
Como primeira sugestão, seria a tarefa de escrever diálogos – que você teria previamente apagado – em uma história em quadrinhos ou tirinha. Esses diálogos devem ser coerentes entre si e com o contexto mostrado nas figuras. Para isso, os alunos devem, antes de tudo, apreender o tema e o fio condutor da história.
Numa segunda sugestão, de nível de dificuldade intermediário, podemos propor que você separe os quadrinhos de uma história e solicite que os alunos, reunidos em pequenos grupos, a recomponham coerentemente. O grau de complexidade desse texto misto – verbal e não verbal – deverá acompanhar o nível de escolaridade dos alunos.
Uma versão mais complexa dessas atividades, adequada para alunos no final do ensino fundamental, seria fazer o recorte semelhante à proposta anterior em textos narrativos ou dissertativos. Recompor as informações buscando um fio condutor para a coerência leva os alunos a criar mundos textuais possíveis em leituras diversificadas.



Texto: Caso de secretária de Carlos Drummond de Andrade


CASO DE SECRETÁRIA
Foi trombudo para o escritório. Era dia de seu aniversário, e a esposa nem sequer o abraçara, não fizera a minima alusão á data. As crianças também tinham se esquecido. Então era assim que a familia o tratava? Ele que vivia para seus, que se arrebentava de trabalhar, não merecer um beijo, uma palavra ao menos!
Mas no escritório, havia flores á sua espera, sobre a mesa. Havia o sorriso e o abraço da secretária, que poderia muito bem ter ignorado o aniversário , e entretanto o lembrava. Era mais do que uma auxiliar , atenta, experimentada e eficiente,´pé-de-boi da firma, como até então a considerara; era um coração amigo.
Passada a surpresa, sentiu-se ainda mais borocochô : o carinho da secretária não curava , abria mais a ferida. Pois então uma estranha se lembrava dele com tais requintes, e a mulher e os filhos, nada?
Baixou a cabeça, ficou rodando o lápis entre os dedos, sem gosto para viver.
Durante o dia, a secretária redobrou de atenções. Parecia querer consolá-lo, como se medisse toda sua solidão moral, o seu abandono. Sorria, tinha palavras amáveis, e o ditdo da correspondencia foi entremeado de suaves brincadeiras da parte dela.
-O Senhor vai comemorar em casa ou numa boate?
Engasgado, confessou-lhe que em parte nenhuma. Fazer anos é ma droga, ninguém gostava dele neste mundo, iria rodar por aí á noite , solitário, como o lobo da estepe.
- Se o senhor quisesse, podiamos jantar juntos - insinuou ela, discretamente.
E náo é que podia mesmo? Em vez de passar uma noite besta, ressentida - o pessoal lá de casa pouco tá ligando -, teria horas amenas, em companhia de uma mulher que - reparava agora -era bem bonita.
Daí por diante o trabalho foi nervoso, nunca mais que se fechava o escritório.Teve vontade de mandar todos embora, para que todos comemorassem o seu aniversário, ele principalmente.Conteve-se, no prazer ansioso da espera.
- Onde você prefere ir? - perguntou, ao saírem.
- Se não se importa, vamos passar primeiro em meu apartamento. Preciso trocar de roupa.
Ótimo, pensou ele;- faz-se a inspeção prévia do terreno, e, quem sabe?
- Mas antes quero um drinque, para animar - ele retificou.
Foram ao drinque, ele recuperou não só a alegria de viver e fazer anos, como começou a fazê-los pelo avesso, remoçando. Saiu bem mais jovem do bar, e pegou-lhe do braço.
No apartamento, ela apontou-lhe o banheiro e disse que o usasse sem cerimônia. Dentro de quinze minutos ele poderia entrar no quarto, não precisava bater- e o sorriso dele, dizendo isto, era uma promessa de felicidade.
Ele nem percebeu ao certo se estava arrumando ou se desarrumando, de tal modo os quinze minutos se atropelaram, querendo virar quinze segundos, no calor escaldante do banheiro e da situação. Liberto da roupa incômoda, abriu a porta do quarto. Lá dentro , sua mulher e seus filhinhos, em coro com a secretária , esperavam-no cantando "Parabéns pra você".
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Anexo 4
Avançando na prática pág. 82


• Jogos de quebra-cabeças são um ótimo exercício de raciocínio para o desenvolvimento das habilidades de procurar as pistas que tornam uma imagem coerente.
• Você pode construir jogos, em diferentes níveis de dificuldade, recortando figuras de cartazes ou revistas. Quanto maiores as figuras e as peças, mais facilidade para a “montagem”.
• Para facilitar o manuseio, você poderá colar as figuras, primeiro, em papel
grosso ou cartolina.
• Essa atividade também pode ser desenvolvida pelos próprios alunos, que estarão, assim, percorrendo todo o processo de montar e desmontar imagens coerentes.
Uma outra alternativa é montar quebra-cabeças com palavras que formem orações, ou seja, estruturas linguísticas coerentes. Esta pode ser uma atividade aliada à fixação de aspectos gramaticais.
O importante é que o manuseio de “partes” para compor um todo coerente vai exercitando as práticas de leitura porque estimula a observação da relação parte-todo na procura de “pistas” de significação.






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Anexo 5
Avançando na prática pág. 204


Insira uma marca de negação em cada um dos lugares identificados por letras no seguinte período sintático, variando, se possível, as expressões usadas para negar. Negue uma informação de cada vez, reescrevendo o trecho oito vezes.

(a) Tente (b) desqualificar os órgãos (c) responsáveis pela (d) preservação do nosso patrimônio histórico, porque (e) sabemos que (f) há recursos suficientes para (g) restaurar (h) todas as construções históricas do país.

-----------------------------------------Abração, turminha!!!---------------------

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