sábado, 26 de fevereiro de 2011

Segundo Encontro com os cursistas

Relatório do término da Unidade 1 do TP1

Olá, pessoal!
Mais um encontro acontece e é chegado o momento de retomar nossas discussões e nos envolver em termos mais técnicos de nosso tema :Variedade linguística.
Para demonstrar mais uma vez o caráter dinâmico de ser professor de Português, foi passado o slide "Apenas para os fortes", cujo contexto se inspirava na busca contante de força e inovação ,sabendo titar proveito dos erros e/ou insatisfações geradas em qualquer profissão.Uma mensagem muito interessante sobre "Abraçar o novo" também nos proporcionou melhor aproveitamento.
Passamos então para a Seção 3: Os registros do Português.
Com uma leitura dramatizada do texto de relatos "Conta de novo a história da noite em que nasci" de Jamie-Lee Curtis,exploramos tanto a variação etária quanto a de gênero.
Ficou clara a importância de se trabalhar  a oralidade em caráter de dramatização , em que a emoção fica evidenciada e as variações mais facilmente percebidas.
Para formalizar essa variação de gênero, tão percebida não somente na fala , como também em toda e qualquer manifestação  cultural,uma crônica do ilustre professor José Antônio,cronista do jornal Folha das Vertentes foi muitíssimo elogiada :


Situação diferente para quem sempre foi acostumado a ter presidentes homens e homens presidentes. É aquela galeria de retratos de machos com ar distinto, todos com uma faixa diagonal cruzando o peito.
  No meio de tantos probos enfaixados, uma porção de pais: Pai dos Pobres, Pai do Real, Pai da Nova República, Pai dos Descamisados... sempre o pai. O resultado disso é que o país sempre se viu numa situação de duplo recalque: de um lado, o pai castrador; de outro, a mãe ausente.
   Aceitar a presença de um pai castrador, isso Freud explica e a gente aplica. Agora, aceitar que o país não tem mãe?! Como conviver com a sensação esquizofrênica de um Brasil desmamado e ao mesmo tempo mamado, de um Brasil sem tetas, mas com uma infinidade de tretas?
   Acredito que o Brasil vem suprindo a sua carência materna elegendo outras mães: Mãe de Santo, Mãe Dágua, Mãe Menininha... Será que somos fruto do cruzamento de alguma dessas mães com algum daqueles pais de faixa? Talvez. Você já viu como tem faixa nesse país? Faixa preta, faixa de trânsito, faixa do rádio, faixa etária, faixa de cabelo... É o lado genético do pai.
   E o lado genético dessas mães? Bem, elas sempre ficam naquela coisa do sobrenatural, daí o povo acreditar na mula-sem-cabeça, no curupira, no saci pererê e numa coleção de almas penadas.
   Não vai custar a aparecer saci pererê com faixa preta, dando pernada sem cair... curupira mudando a faixa do trânsito para confundir pedestres e motoristas... mula-sem-cabeça com faixa no cabelo... alma penada mandando mensagem do além através de alguma faixa do rádio... É o carnaval da orgia genética do nosso povo.
   Aí chegou a eleição. De novo, mais um pai: o Pai dos Genéricos. Só que dessa vez apareceu uma mulher querendo usar a faixa diagonal. Uma mulher que não se proclamou como mãe de coisa alguma. Até que tentaram associá-la à figura materna, mas a manobra não colou.
   No ringue do voto, a sarrafada desceu feio. Briga surrealista. Sobrou até para aborto de feto que jamais foi fecundado.
   Resultado: o pai perdeu e a mulher venceu. Virou mãe.
   Começa agora no Brasil uma gravidez de quatro anos. Tomara que os filhos daí nascidos não sejam usurpados, como tantas décadas vêm sendo, pelo pai castrador; nem abandonados ao léu por uma ilusão materna com faixa de mulher.
   O povo espera, quer nascer. O povo aguarda que a mulher com faixa olhe com atenção para uma pátria que, nesses próximos quatro anos, será mátria.
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O gênero "Narração a partir de relatos" foi debatido e , enquanto as atividades eram feitas, íamos distinguindo melhor o objetivo do Programa.A ilustração do texto nos proporcionou envolvimento,bem como a comparação com os textos exibidos a priori.

Variantes linguísticas (TIPOLOGIA DAS VARIANTES)
·        O 1º esquema foi verificado no slide .
Variável e Variantes:
Toda vez que nos deparamos com diferentes usos de um dado item lingüístico em uma sociedade, estamos diante de variantes e, quando olhamos para o conjunto destas variantes, estamos diante de uma variável;
Níveis de Variação:
Fonológico;
Morfossintático;
Discursivo.

·        O 2º esquema está com exemplos :
·        TIPOLOGIA DAS VARIÁVEIS
1-LINGUÍSTICAS
*Fonológica(tia)

*morfossintática(cantá)

*Semântica(Nossinhora-interjeição)
                     (Nossa Senhora-divindade)
*Discursiva

2-NÃO-LINGUÍSTICAS
*escolaridade
*sexo
*localização
*idade

Tipologia da variação:
Variação Diacrônica: variação verificável ao longo do tempo, produto das influências da história externa das línguas sobre sua história externa.
Ex.: Formação do Futuro do Presente do Português do Brasil
#Para ilustrar essa variação,utilizamos uma imagem de uma sentença judicial daProvíncia de Sergipe de 1833 .Foi muito bom.
Variação Diatópica: variação existente entre espaços geográficos distintos.
Ex.: Variações do sistema pronominal no Português do Brasil
Nessa exemplificação, ficamos com o que nos é mais rico:Nossa forma de falar. O mineiro...
Causo Minero

O caboquim cordô cêdo,ispriguiçô,lavô as mão na gamela,limpô uzói, sinxugô,tomô café, pegô a inxada,sivirô pra muié I falô:
- Muiééé, tô inoprotrabaio.
Quano q'êle saiu da casa,invêiz dií prá roça,ele subiu num pé di manga...
I ficô iscundidim.Di repenti pareceu um homi i foi inté upé di manga...
I nem si percebeu  q'o caboquim tava lá inrriba.Pegô u'a manga...
chupô, pegôta,I maiz ôta...,
I a muié du caboquim chegô na janela i gritô:
- Póvim, ele já foi!
Iu homi largô as manga I sinfurnô dendacasa du caboquim.O caboquim,
danade ráiva, desceu da árvre,pegô um facão i intrô na casa.
Quandele abriu a porta,ele viu o homi bebeno do seu leitim ,juntim da muié cuma mes chiqui de café da manhã .Intonsi levantô u facão e falô:
- Vai morrêêêêê, negão!!!
E num é cuhomi puxô um 38 da cintura I pontô pro caboquim falano:
- Por que eu vou morrê?
E o cabuquim:
- Uai cê chupô trêiz manga i agora tá bebeno do leitim sô...Assim cê vai morrê...Manga cum leite faiz mar, uai!!!

Variação Diastrática: variação devida às diferenças sociais entre os grupos de falantes.
Ex.: Concordância Nominal no Português do Brasil
#Aqui ,discutimos sobre status social ,as formas como se chegar a ele.A ilustração fez-se com:
Veja este texto de Patativa do Assaré, um grande poeta popular nordestino, que fala do assunto:

O Poeta da Roça
Sou fio das mata, canto da mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de paia de mío.

Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argun menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.
Meu verso rastero, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.
(...)

Você acredita que a forma de falar e de escrever comprometeu a emoção transmitida por essa poesia? Patativa do Assaré era analfabeto (sua filha é quem escrevia o que ele ditava), mas sua obra atravessou o oceano e se tornou conhecida mesmo na Europa.
Variação Diamésica: variação associada ao meio em que se manifesta a linguagem.
Ex.: Diferenças verificáveis entre uma entrevista oral e uma entrevista escrita,que também pode ser percebida pelo meio e situação em que a língua está inserida.Aproveitamos um texto do AAA1 para melhor exemplificar:
                                                    
   Serviçu diprimera
Segunda coisa q eu odeio em vc
Liliana:
Eu podia começar esse e-mail dizendo q a segunda coisa q eu odeio em vc é q vc naum respondeu o e-mail q eu mandei sobre a primeira coisa...
         Ah-Ah.isso épra ser piada viu?Agora vamos ver se vc deixa de bobagem,toma jeito e responde meu e-mail.
         Viu q eu escrevi jeitodireito?Pq foi mto mal educado hoje de manhã a primeira coisa de vc me falar era q eu escrevi “jeito” e “bobajem” errado no meu e-mail.Poxa , eu falei tanta coisa sobre a gente, o jogo de futebol e a segunda –feira e vc vem me esculachar só por causa de um  jeitozinho mais sem vergonha?
        Tá bom , eu concordo q vc faz parte do “Defenda o Português”, o grupo q a profª Anita fundou.É do caramba,o pessoal q sai por aí copiando e fotografando placa errada e corrigindo. Já ri de montão com cada absurdo q vcs descobriram e colocaram no mural.(Tinha uma fotografia q era Serviçu Diprimera,na porta da borracharia.Imagino um karro com as rodas tortas , estropiadas, saindo de lá.(...)
        Mas v se naum ficam pegando no pé de todo mundo, né,Liliana!
        Pq aí, o que q pode ser engraçado vai é ficar um...(só naum escrevo palavrão pq sô educado.Mas fica mesmo, vê lá se naum fica)
       Só q nada  disso eu queria falar, sobre a segunda coisa q eu odeio em vc.
                                            Eduardo

Discutimos as questões dos slides juntamente aos textos.
 >Sobre o avançando na prática da pág. 36, discutimos a importância do gênero filme,mas deixamos a prática para o 3º encontro.Vai ser muito bom!
Finalizamos o 2º dia com a tarefa pra casa: Ampliando nossas referências Págs. 44 a 49.

É IMPORTANTE MOSTRAR QUE EM TODA UNIDADE ÍMPAR DOS TPs TEM”AMPLIANDO NOSSAS REFERÊNCIAS”

Fim da unidade 1

Abraços e até a próxima semana..





































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